Há um longo caminho... um longo caminho.


Uma silenciosa luta foi travada no mundo quando eu, Pablo adentrei nesse universo em dezembro de 1997, roxo e com o cordão umbilical enrolado no pescoço. Cabeludo fui, careca fiquei, pelado nasci e graças a deus, no guarda roupas tem o que curto vestir pra tirar uma chinfra . Vestido com as roupas e sem as armas de Jorge, que só conheci depois, a gente iniciou a batalha e já nas primeiras linha de frente, contando com umas pedras de obra, caiauzinho fulero e canela pra dar o pinote, a cada batalhazinha travada com a vida, uma burduada bem dada na molera, um baque solto faz com que o caboclo – sem lança – adentre mais uma vez pra batalhar. Ó, dói viu.. mas dói, dói, dói,dói, dói..
Não afirmo dizer que escrever pra mim é um parto porque nunca pari (por que será né?), mas ó, já tive umas 3, 4 cólicas nos rins e confesso que eu não desejo isso pra ninguém. Além da dor, o incômodo, uma busca corporal pra que tudo fique leve e não fica. Não há posição! Nada faz com que cure a dor, exceto o uso de medicação que gera aquele alívio imediato ao adentrar na veia. A procura do sentido da palavra, que fustiga e futuca (salve Kalunga!), que faça sentido no todo e que possibilite o mínimo de entendimento na freqüência da comunicação é horrível, embora extremamente prazerosa. Mesmo!

Nos últimos anos, dar sentido às coisas nesse eternum processo de entendimento de mim mesmo nessa passagem cheia de surpresas e desgraças, de festas e frustrações tornou-se uma missão, essa que me custa a todo custo, desvendar-me em cada expressão (às vezes nada exata) e me permitir, sempre que possível, pisar no freio. E essa, infelizmente não tem rolado.
Eu não sei desde quando ao certo, mas tem muita coisa nos passos não ficando no prumo e isso já faz um tempo. Engraçado que vejo uma galera próxima, a que regula idade comigo, as que tem coisas em comum (ou não!) também sempre apontando que as coisas estão ficando difíceis, que tem alguma coisa puxando pra trás..  Eu entendo que boa parte do tempo, de acordo com a vivência, nossas questões e anseios, metas e afins, muita coisa não tem meio que uma “linha de chegada”, embora eu sempre ache que o processo é a caminhada. Mas se até a caminhada ta pesada, olha.. Eu tenho o privilégio de poder contar com pessoas incríveis ao meu lado, mas entendo que pra eles e elas ta puxado, ta sinistro pra caceta.. se o terreno fica íngreme ainda, pouhan.. Tem cerca de um mês que voltei pra terapia.. tem sido muito legal, embora eu esteja numa outra fase que tava quando comecei.. as questões são diferentes, algumas ainda batem lá de trás, outras adentraram, mas cada sessão tem sido uma boa descoberta, uma nova possibilidade de me encontrar, me permitir retirar o que sinto de pesado, me ver de um outro ângulo, enxergar que sou falho com quem ta próximo.. ta rolando, acho que é um excelente início, mas o caminho é longo.

E é nessa de caminhar impreciso, duradouro, quase incerto e repleto de cansaço que me arrisco em botar meia dúzia de coisas que ainda perduram na minha mente, no meu coração.. é um compromisso comigo mesmo e sei que me expor é delicado, mas no momento eu penso que é providencial botar alguma coisa pro mundo, compartilhar algum tipo de experiências por aqui, falar de som, dos filmes que gosto, de epsódios corriqueiros, das idéias que tenho... Enfim, to voltando pro blog, to voltando pra escrita e se tu que ta lendo quiser acompanhar, fica a vontade.. acho que vai ser massa!

Há um longo caminho... um longo caminho.


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